quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

playboy e o homem livre

Jean Meslier teve uma frase modificada e utilizada por Voltaire e posteriormente por Dénis Diderot: "o homem só será livre quando o último rei for estrangulado com as entranhas do último padre”. Citei toda a trupe principalmente para tentar esconder o meu obscuro desejo de chupar o dito na cara dura e dizer que foi meu, embora seja impossível, eis que a busca pela citação ultrapassou a barreira do tempo e do enciclopedismo (fico pensando como seria isso em dias de grandes ensaios sobre plágio acadêmico e a devida responsabilização).

De qualquer forma, o que eu quero dizer não tem nada a ver com isso tudo, mas sim com a liberdade. diz a Playboy que o homem nasceu para ser livre. 



Claro que o recado tem endereço: discussões acerca do feminismo e a crítica ao comportamento do homembrancoheterossexualclassemédiaqueapareceemcomercialdemargarina, a normatividade que vem sendo castigada por uma onda de bem fundamentadas críticas. Isso e a conscientização do que é e como se constitui a identidade de gênero e como essa peça imposta por repetição na nossa cabeça constrói nosso comportamento.

Estou tentando entender que o dono da bola que rouba dinheiro da criançada e manda no parquinho se sinta ameaçado. Mas, pelo menos ao meu ver, não se trata de cravar a bandeira no solo do inimigo. É descontruir a ótica do inimigo. É não haver conflito, um patamar de igualdade, no mínimo. Ainda temos que considerar todas as minorias tidas como abjetas que são subestimadas e alocadas em uma condição de cidadania de segunda classe que também merece voz e alcance de direitos, por mais diminutos ou subjetivos que sejam. Mas vamos reduzir ao absurdo a nossa lógica aqui só para não assustar.

Claro que isso vai acabar com alguns privilégios para esse homem moderno tão sofrido, acuado e agredido, como se esfregar em mulher em transporte público lotado, chamar de gostosa aquela que agradar aos olhos em plenos pulmões ou colocá-las, cotidianamente, no que entendem que seja o seu devido lugar (cozinha, casa, maternidade etc).

Mas não se acanhem. A liberdade não é tão ruim assim, manifestantes pela liberdade masculina. Se os espaços públicos trarão alguma dificuldade de exprimir a demonstração de misoginia inerente ao discurso, lembrem-se: sempre haverá aquela confraria amiga de masturbação coletiva* para que o macho continue a perpetuar sua eterna paixão pelo ser macho.

*verdade, acontece mesmo em um contexto heterossexualmente tido como natural.


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