segunda-feira, 9 de junho de 2014

sete

Pegou um pedaço que dizia "E todos se riam, sem querer saber da sua alma pequenina, dos seus sonhos maltratados. Por isso, olhou sem pena para o campo que ia deixar. Calculou..."

Sentiu um aperto no peito.

Pegou uma calça dobrada na gaveta da cômoda. Mais um pedaço de papel "Sorrisos. Seus dentes são podres. A mão vermelha não é dele, mas do vizinho, um sujeito de bigode preto. Esse sujeito de big" o pedaço rasgado não concluía a palavra.

Lembrou que não entendeu A Náusea e não terminou Vozes Anoitecidas. Uma pena, queria ler de novo para entender e terminar para outro dia reler. Mas os livros, assim como toda sua biblioteca, ainda aparecem pelas gavetas em retalhos, entre as roupas em trechos indecifráveis, dentro dos tênis denunciando o dia em que ela descobrira a traição, sozinha em casa, com todo o tempo do mundo e toda a imaginação possível.

Pegou um par de meias "Pois o que amamos em nosso amor-próprio são os eus apropriados para serem amados. O que amamos é o estado, ou a esperança, de sermos a..." amassou o papel, suspirou.

Da cama, deitada, com um olho entreaberto, ela sorriu.

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